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20 de fevereiro de 2011

Amar verbo transitivo, amor substantivo abstrato


Por trás da sua forte personalidade e do seu excesso de autoconfiança, seus chinelinhos cor de rosa encostados na porta de sua casa revelam uma aparente fragilidade…Uma fragilidade que se traduz no seu desejo incontrolável de viver seu grande amor.
Ela  buscou insistentemente resgatar aquilo que estava guardado durante muito tempo: O seu amor. O amor revelou-se para ela por meio de um simples gesto. Um abraço que nunca recebera anteriormente, cuja energia que saíra dele percorrera sua alma de uma forma liberta; reconheceu naquele íntimo instante algo que lhe parecia muito familiar. Inexplicável pela razão, mas totalmente verdadeiro pelos sentidos. A partir desse dia tudo mudara em sua vida. Houve de fato, para ela, um encontro com o amor que buscara há muito tempo, incessantemente. Ele finalmente se revelou e a alegria que ela sentira, transbordava-se e podia ser percebida no seu olhar.
Durante muito tempo sentia uma solidão, embora sempre estivesse rodeada de pessoas. Era como se lhe faltasse parte de si mesma; via-se como uma estranha dentro da sua própria casa. Sensações angustiantes, medos latentes, afetividade contida e lágrimas que insistiam percorrer o seu rosto. Jamais soube compreender o seu caminho, tão distinto da sua íntima vontade. Mas sua natureza romântica e observadora era capaz de fazê-la perceber todos os caminhos que se apresentavam para ela. Entendia tudo que se passava com os seus semelhantes, mas não sabia nada de si mesma. Era, portanto, um espelho invertido incapaz de reconhecer-se.
Reconheceu-se como vida através do amor revelado. Mergulhou nele sem medo; os medos haviam desaparecido do seu ser. Sentia-se fortalecida por esse amor e por ele se tornara capaz de fazer qualquer coisa que possibilitasse sua permanência, sua constância e, sobretudo, a harmonia entre ela e o amor. Sentia um acréscimo de energia brotando em sua alma e doava-a ao seu amor. Havia ali um frescor, uma suavidade, uma vontade…
 Não só por parte dela, mas também por parte do seu amor. Havia descoberto o seu caminho involuntariamente. De repente viu-se totalmente tomada de amor e o seu coração passara a comandar suas ações. A razão havia se perdido e seu único sentido na vida era amar, amar como um verbo transitivo, que transita, percorre e vai ao encontro do seu objeto; e seu amor, como um substantivo abstrato, escapava-lhe. Sentiu novamente o vazio tomar a sua alma e não conseguia compreender tal distinção entre o amor e amar o amor. Havia sido derrotada pelo destino, que para ela, até então, havia lhe dado um presente. Fizera de tudo para ter o amor de volta, mas foi em vão… Tornou-se então, em função do esforço que fizera durante uma vida para ser feliz, uma bela borboleta, em busca do mais belo jardim. Assim, poderia pousar suavemente em um belo girassol e viver o seu amor… 
Seu gesto incondicional e sua paixão pelo seu amor, que havia lhe escapado como um sopro fizeram-na, finalmente, perceber que algumas pessoas são medrosas demais para amar profundamente…


Fonte:http://www.textolivre.com.br/

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